A atualização do novo Código de Processo
Civil (CPC), que entra em vigor em março deste ano, tem obrigado
tribunais e Núcleos de Conciliação a se adaptarem à determinação legal
que consolidou a solução negociada de conflito como etapa processual
obrigatória no trâmite judicial. Os impactos causados pela Lei 13.105/2015 vão
desde o aumento no número de parcerias entre tribunais e instituições
públicas e privadas, passando pela criação de novos Centros Judiciários
de Solução de Conflito (Cejusc), e pelo incremento de cursos de
capacitação em técnicas de resolução de conflitos, conforme a Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O Núcleo de Conciliação e Mediação
(Nupemec) do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS)
antecipou-se ao novo cenário e formou, nos últimos meses, 682 mediadores
e conciliadores para serem incorporados nos Cejuscs espalhados pelo
estado. Para que funcionem da forma ideal, os Cejuscs precisam contar
com conciliadores e mediadores com formação especializada em número
suficiente. A nova lei prevê que esse número esteja de acordo com o
total de comarcas. Em Goiás, por exemplo, seriam 129 comarcas, mas, por
enquanto, somente 33 estão instaladas.
Remuneração de mediadores
- Com o objetivo de adequar o número de mediadores e de Cejuscs ao
aumento de casos esperados com a entrada em vigor do novo CPC, o Nupemec
do TJGO corre contra o tempo e já acena para colocar em vigor o artigo
169 do novo Código, que trata da remuneração de mediadores. “Essa é uma
forma que encontramos para estimular a população a se engajar nesse
trabalho fundamental da Justiça. Precisamos contar com um número grande
de mediadores e conciliadores e, atualmente, só trabalhamos com
voluntários. O Projeto de Remuneração de Conciliadores e Mediadores é um
dos caminhos para efetivarmos e reduzir o rodízio de mão de obra”,
explica o juiz coordenador do Nupemec goiano, Paulo César Alves das
Neves.
Cartilha dos Cejuscs –
Para o conselheiro Emmanoel Campelo, coordenador do Comitê Gestor da
Conciliação no CNJ, a expectativa é de que o trabalho dos Cejuscs será
intensificado. “Precisamos conscientizar servidores e magistrados de que
o trabalho se concentrará nesses Centros, que se tornarão cada vez mais
demandados. A mudança de cultura é inevitável e urgente”, afirma. No
ano passado, o CNJ publicou uma cartilha explicando como essas novas
unidades podem ser implantadas sem causar impacto aos cofres dos órgãos
judiciários e ainda respeitando determinados padrões de funcionamento
estabelecidos na Resolução 125.
Conheça a cartilha aqui.
O guia sugere, por exemplo, a
solicitação de curso de capacitação para servidores e voluntários nos
casos em que o tribunal não possua número suficiente de conciliadores e
mediadores.
Remanejamento - O
remanejamento de servidores para postos com mais demandas é uma
providência que já vem sendo tomada no Tribunal de Justiça do Tocantins
(TJTO). A coordenadora do Núcleo de Conciliação do Tribunal de Tocantins
(TJTO), juíza Umbelina Lopes, já está em negociação com a presidência
do órgão para remanejar cerca de 40 conciliadores atualmente lotados nos
juizados especiais.
De acordo com a coordenadora, esses
funcionários “mais do que nunca” serão necessários nos Centros, que
contam, atualmente, com apenas sete mediadores capacitados. “A verdade é
que os Cejuscs já são muito demandados. A partir de março, não temos
dúvida, essa demanda aumentará consideravelmente e precisaremos contar
com toda a mão de obra já capacitada”, avalia.
Parcerias – Outra
estratégia que vem sendo abraçada pelos tribunais é a formação de
parcerias com instituições públicas e privadas, seja para contribuir com
a educação de profissionais, como é o caso de faculdades e
universidades, como para ajudar na construção de novos centros, como é o
caso de prefeituras. Além de aumentar o número de conciliadores e
mediadores certificados e atuantes (atualmente são em número de 698), o
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), por
exemplo, já investe em parcerias com mais de 30 instituições públicas e
privadas.
As sessões vêm ocorrendo entre as partes
e bancos, cooperativas, financeiras, construtoras, escritórios de
advocacia, empresas de plano de saúde, instituições de ensino, empresas
de telecomunicações, transporte aéreo e empresas de varejo. Com ajuda
desses parceiros, os Cejuscs do DF realizaram 41 mil audiências (do ano
passado até hoje), tendo conseguido acordos em 30% deles, e homologação
de 12 mil acordos.
Ao tratar de maneira enfática as
soluções de conflitos por vias não judiciais, o novo CPC reforça a
Política Judiciária Nacional de tratamento adequado de conflitos de
interesse no âmbito do Judiciário, implementada de maneira pioneira pelo
CNJ por meio da Resolução 125, de 2010.
Regina Bandeira
Agência CNJ de Notícias
Agência CNJ de Notícias
Fonte: CNJ

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